Uma breve histĂłria de Resident Evil nos consoles Nintendo

Arthur Pieri 🎮
5 min readJul 12, 2018

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Em um momento importante da história dos videogames — mais precisamente na metade da década de 1990 — , Resident Evil, conhecido em terras orientais como Biohazard, trouxe uma mistura balanceada de tensão, terror e desafio lógico em três dimensões. O primeiro episódio da série, que se passa na mansão Spencer, foi lançado originalmente para o primeiro PlayStation. Mas essa estreia popular no novo console da Sony não impediu a Nintendo de concretizar parcerias com a equipe por trás da franquia de terror da Capcom, promovendo, assim, títulos exclusivos memoráveis para seus consoles.

O relacionamento entre Nintendo e a série Resident Evil foi estabelecido com um marco que é, praticamente, um “milagre” técnico para o ano em que fora lançado: em dezembro de 1999, o Nintendo 64 recebeu um port de Resident Evil 2, jogo que tinha mais de 1 GB de conteúdo no PlayStation, mas que foi otimizado de maneira incrível para caber em apenas um cartucho de 64 MB, fazendo uso do hardware mais poderoso do N64 e da possibilidade de utilizar o Expansion Pak para refinar ainda mais a qualidade visual.

Hideki Kamiya, diretor de RE2 e posterior fundador da PlatinumGames, cancelou seu projeto inicial de codinome “Resident Evil 1.5” e começou novamente a desenvolver uma sequência para o primeiro título, após perceber que poderia fazer ainda melhor. Esse foi o grande motivo de seu sucesso: o jogo não chegou às pressas e pôde ser pensado como algo que revolucionaria a franquia.

Não é por acaso que Resident Evil 2 teve vendas substancialmente relevantes no Nintendo 64, mesmo sendo o único da série lançado para o console. Mas essa escassez da série nos consoles da Nintendo estava prestes a mudar. O motivo? A Capcom e seus estúdios preparavam sua primeira linha de jogos exclusivos para o GameCube.

Exclusividade temporária

O Resident Evil original foi um sucesso no console da Sony, e refazer um clássico é uma tarefa que demanda certo trabalho e capricho — os fãs de Resident Evil eram muito exigentes na época e não aceitariam um remake de qualidade duvidosa. Em 2002, o primeiro título da série foi trazido para o console cúbico com uma abordagem narrativa muito similar à original, porém incluindo cenários inéditos e um visual de tirar o fôlego dos entusiastas da época. O sucesso foi tanto que garantiu relançamentos de entradas anteriores, como Resident Evil 2, Resident Evil 3: Nemesis e Resident Evil Code: Veronica X, além de produções exclusivas, como Resident Evil 0 e o revolucionário sucessor canônico da série, que chegou como um exclusivo de peso.

Resident Evil 4 não foi somente um dos Capcom Five — projetos da Capcom com contratos de exclusividade para com os consoles da Nintendo. Ele foi um ponto de inflexão para o modo como jogos de tiro em terceira pessoa eram feitos e também o precursor de quase tudo o que vemos hoje na franquia: jogos mais orientados à ação, câmera livre, sistema de mira preciso, batalhas contra chefes colossais, etc. A versão de GameCube foi a primeira a ser lançada, como também se manteve por muito tempo como a de melhor desempenho. Após alguns anos, uma versão que conta com controles de movimento foi lançada para o Wii, trazendo uma imersão ainda maior ao público.

A saga Chronicles trouxe um pouco do “terror das antigas” ao Wii, mesmo sendo uma alternativa um tanto quanto problemática para os eventos da linha do tempo oficial da franquia. Resident Evil: Umbrella Chronicles e Resident Evil: Darkside Chronicles contam um pouco mais sobre os acontecimentos do segundo e do terceiro título da série, mas a saga também gerou polêmicas por apresentar conteúdo infiel aos títulos clássicos.

Terror on-the-go

A história da franquia nos portáteis da Nintendo foi diferente: começou em 2001 no Game Boy Color com Resident Evil Gaiden, spin-off de pouco sucesso crítico e comercial. Passou, então, por um port do primeiro título da série, intitulado Resident Evil: Deadly Silence (ou Resident Evil: DS, nome sugestivo para o console que fora lançado). Mas foi somente com Resident Evil: Revelations, na época exclusivo para Nintendo 3DS, que os estúdios da Capcom viram a oportunidade de fazer jogos de qualidade nas “telinhas”. E é aqui que reside o interesse do público: se o 3DS recebeu com sucesso o primeiro Revelations — rendendo até uma versão posterior para Wii U e outros consoles — , o que podemos esperar do Switch?

A resposta chegou parcialmente em dezembro de 2017, com a estreia da série no Switch. Resident Evil: Revelations e sua sequência direta Resident Evil: Revelations 2 foram trazidos com tanto carinho e atenção ao console híbrido que até parece que foram feitos um para o outro. As versões custam, atualmente, US$20 cada e apresentam recursos exclusivos — como o uso do HD Rumble e dos sensores de movimento para mira. O desempenho geral excelente e o conforto de jogar as duas aventuras em qualquer lugar faz da versão do Switch a definitiva desta coletânea.

A mais nova entrada da franquia, Resident Evil VII: Biohazard, foi a chance de reestruturar os padrões estabelecidos por Resident Evil 4 e seus sucessores. Orientado em primeira pessoa e com visuais ainda mais realistas, o jogo ainda não foi anunciado para Switch em sua versão completa — apesar dos rumores pela internet sugerirem que a Capcom já está trabalhando nisso. Certamente, o sucesso de vendas da saga Revelations pode acarretar em futuros títulos da franquia para o Switch, mas nada garante que seja o mais novo título.

Além disso, com a Capcom realmente trabalhando em um remake para Resident Evil 2, há motivos de sobra para ela trazer uma versão para o console nintendista no futuro. Seja pelo sucesso que a nova plataforma da Nintendo se mostrou ser ou por uma relação amistosa de muitos anos e gerações de consoles, o bom relacionamento entre Capcom e Nintendo aumenta ainda mais nossas expectativas para a chegada de títulos memoráveis na palma de nossas mãos — literalmente.

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