Uma breve histĂłria de Resident Evil nos consoles Nintendo
Em um momento importante da histĂłria dos videogames — mais precisamente na metade da dĂ©cada de 1990 — , Resident Evil, conhecido em terras orientais como Biohazard, trouxe uma mistura balanceada de tensĂŁo, terror e desafio lĂłgico em trĂŞs dimensões. O primeiro episĂłdio da sĂ©rie, que se passa na mansĂŁo Spencer, foi lançado originalmente para o primeiro PlayStation. Mas essa estreia popular no novo console da Sony nĂŁo impediu a Nintendo de concretizar parcerias com a equipe por trás da franquia de terror da Capcom, promovendo, assim, tĂtulos exclusivos memoráveis para seus consoles.
O relacionamento entre Nintendo e a sĂ©rie Resident Evil foi estabelecido com um marco que Ă©, praticamente, um “milagre” tĂ©cnico para o ano em que fora lançado: em dezembro de 1999, o Nintendo 64 recebeu um port de Resident Evil 2, jogo que tinha mais de 1 GB de conteĂşdo no PlayStation, mas que foi otimizado de maneira incrĂvel para caber em apenas um cartucho de 64 MB, fazendo uso do hardware mais poderoso do N64 e da possibilidade de utilizar o Expansion Pak para refinar ainda mais a qualidade visual.
Hideki Kamiya, diretor de RE2 e posterior fundador da PlatinumGames, cancelou seu projeto inicial de codinome “Resident Evil 1.5” e começou novamente a desenvolver uma sequĂŞncia para o primeiro tĂtulo, apĂłs perceber que poderia fazer ainda melhor. Esse foi o grande motivo de seu sucesso: o jogo nĂŁo chegou Ă s pressas e pĂ´de ser pensado como algo que revolucionaria a franquia.
Não é por acaso que Resident Evil 2 teve vendas substancialmente relevantes no Nintendo 64, mesmo sendo o único da série lançado para o console. Mas essa escassez da série nos consoles da Nintendo estava prestes a mudar. O motivo? A Capcom e seus estúdios preparavam sua primeira linha de jogos exclusivos para o GameCube.
Exclusividade temporária
O Resident Evil original foi um sucesso no console da Sony, e refazer um clássico Ă© uma tarefa que demanda certo trabalho e capricho — os fĂŁs de Resident Evil eram muito exigentes na Ă©poca e nĂŁo aceitariam um remake de qualidade duvidosa. Em 2002, o primeiro tĂtulo da sĂ©rie foi trazido para o console cĂşbico com uma abordagem narrativa muito similar Ă original, porĂ©m incluindo cenários inĂ©ditos e um visual de tirar o fĂ´lego dos entusiastas da Ă©poca. O sucesso foi tanto que garantiu relançamentos de entradas anteriores, como Resident Evil 2, Resident Evil 3: Nemesis e Resident Evil Code: Veronica X, alĂ©m de produções exclusivas, como Resident Evil 0 e o revolucionário sucessor canĂ´nico da sĂ©rie, que chegou como um exclusivo de peso.
Resident Evil 4 não foi somente um dos Capcom Five — projetos da Capcom com contratos de exclusividade para com os consoles da Nintendo. Ele foi um ponto de inflexão para o modo como jogos de tiro em terceira pessoa eram feitos e também o precursor de quase tudo o que vemos hoje na franquia: jogos mais orientados à ação, câmera livre, sistema de mira preciso, batalhas contra chefes colossais, etc. A versão de GameCube foi a primeira a ser lançada, como também se manteve por muito tempo como a de melhor desempenho. Após alguns anos, uma versão que conta com controles de movimento foi lançada para o Wii, trazendo uma imersão ainda maior ao público.
A saga Chronicles trouxe um pouco do “terror das antigas” ao Wii, mesmo sendo uma alternativa um tanto quanto problemática para os eventos da linha do tempo oficial da franquia. Resident Evil: Umbrella Chronicles e Resident Evil: Darkside Chronicles contam um pouco mais sobre os acontecimentos do segundo e do terceiro tĂtulo da sĂ©rie, mas a saga tambĂ©m gerou polĂŞmicas por apresentar conteĂşdo infiel aos tĂtulos clássicos.
Terror on-the-go
A histĂłria da franquia nos portáteis da Nintendo foi diferente: começou em 2001 no Game Boy Color com Resident Evil Gaiden, spin-off de pouco sucesso crĂtico e comercial. Passou, entĂŁo, por um port do primeiro tĂtulo da sĂ©rie, intitulado Resident Evil: Deadly Silence (ou Resident Evil: DS, nome sugestivo para o console que fora lançado). Mas foi somente com Resident Evil: Revelations, na Ă©poca exclusivo para Nintendo 3DS, que os estĂşdios da Capcom viram a oportunidade de fazer jogos de qualidade nas “telinhas”. E Ă© aqui que reside o interesse do pĂşblico: se o 3DS recebeu com sucesso o primeiro Revelations — rendendo atĂ© uma versĂŁo posterior para Wii U e outros consoles — , o que podemos esperar do Switch?
A resposta chegou parcialmente em dezembro de 2017, com a estreia da sĂ©rie no Switch. Resident Evil: Revelations e sua sequĂŞncia direta Resident Evil: Revelations 2 foram trazidos com tanto carinho e atenção ao console hĂbrido que atĂ© parece que foram feitos um para o outro. As versões custam, atualmente, US$20 cada e apresentam recursos exclusivos — como o uso do HD Rumble e dos sensores de movimento para mira. O desempenho geral excelente e o conforto de jogar as duas aventuras em qualquer lugar faz da versĂŁo do Switch a definitiva desta coletânea.
A mais nova entrada da franquia, Resident Evil VII: Biohazard, foi a chance de reestruturar os padrões estabelecidos por Resident Evil 4 e seus sucessores. Orientado em primeira pessoa e com visuais ainda mais realistas, o jogo ainda nĂŁo foi anunciado para Switch em sua versĂŁo completa — apesar dos rumores pela internet sugerirem que a Capcom já está trabalhando nisso. Certamente, o sucesso de vendas da saga Revelations pode acarretar em futuros tĂtulos da franquia para o Switch, mas nada garante que seja o mais novo tĂtulo.
AlĂ©m disso, com a Capcom realmente trabalhando em um remake para Resident Evil 2, há motivos de sobra para ela trazer uma versĂŁo para o console nintendista no futuro. Seja pelo sucesso que a nova plataforma da Nintendo se mostrou ser ou por uma relação amistosa de muitos anos e gerações de consoles, o bom relacionamento entre Capcom e Nintendo aumenta ainda mais nossas expectativas para a chegada de tĂtulos memoráveis na palma de nossas mĂŁos — literalmente.