10/10: Coisas que odiamos nos videogames

Arthur Pieri 🎮
8 min readJul 25, 2018

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Acredito que os motivos pelos quais vocês, leitores, gostam tanto de games são a diversidade dos desafios, mecânicas características e sentimentos fortes proporcionados por essa mídia de entretenimento fantástica. Mas quando somos impedidos de aproveitar completamente a experiência por limitações de software, hardware ou por simples infortúnios, todo nosso amor pode ir por água abaixo. Vamos reunir por aqui os principais motivos pelo qual desligamos tantas vezes nossos consoles furiosamente ou deixamos de terminar títulos e partimos em busca de outros que consideramos melhores.

10 — Quedas de framerate consideráveis

Esse fator atrapalha nossa impressão estética do jogo, além de, muitas vezes, comprometer nosso progresso em partidas multiplayer online. A taxa de quadros por segundos, ou framerate, varia de acordo com o título, plataforma e até de acordo com o hardware utilizado para processar o jogo.

Para jogos que rodam a 60 quadros por segundo (60 fps), quedas para valores menores podem comprometer o tempo de resposta do jogador, principalmente se a tomada de decisões rápidas e estratégicas for relevante. No caso de jogos que rodam a 30 fps — geralmente jogos que não possuem recurso competitivo ou apenas focados em um multiplayer casual — , a queda de framerate atrapalha mais visualmente falando, fazendo com que os movimentos durante o jogo fiquem mais robóticos e pouco naturais, ou seja, menos fluidos.

Esse fator incomoda (e muito) os simpatizantes de emuladores e afins, que tentam reviver a experiência dos consoles antigos nos computadores de hoje. Devido a diferenças nas tecnologias utilizadas e incompatibilidade de alguns títulos, alguns consoles rodam jogos com framerate muito baixo, inviabilizando a jogatina e levando à desistência por parte dos jogadores. Jogadores de eSports, por outro lado, tendem a colocar a resolução geral em configurações mínimas para ganhar ainda mais no desempenho, além de utilizarem monitores com frequências ainda mais altas.

09 — Personagens irritantes

Esse fator não atrapalha no gameplay, nem te impede de progredir na campanha ou nos rankings. Mas algo irritante pode chegar até a ser um motivo para o jogador desistir de vez de um jogo. Geralmente, quando esses seres insuportáveis aparecem com muita frequência, ficamos lembrando de seus bordões e até mesmo dos momentos que queríamos estar bem longe — ou pelo menos mandar esse personagem para bem longe dali. Sobre o fato de irritar ou não, isso é bem pessoal e pode afetar as pessoas de diferentes maneiras. Podemos citar aqui alguns exemplos clássicos.

Em The Legend of Zelda: Ocarina of Time, há um ser que muitos consideram extremamente chato e inútil (eu particularmente gosto muito das dicas dessa fadinha). Para os fãs da franquia Resident Evil, a indefesa adolescente Ashley Graham de Resident Evil 4 fez Leon Kennedy e muitos jogadores ficarem loucos de tanto que gritava por ajuda. Mas o destaque desse parágrafo fica com os bebês gêmeos Mario e Luigi, de Super Mario World 2: Yoshi’s Island. Dava até vontade de deixar eles caíram abismo abaixo de tanto que incomodavam os jogadores.

08— Conexões lentas a lojas virtuais

A sétima geração de consoles popularizou os jogos multiplayer online e a venda de produtos digitais nos consoles. Isso foi um grande marco na indústria, que se estende até hoje e parece crescer mais a cada dia. Porém, não há nada mais frustrante que entrar na PS Store do PlayStation 3 ou na eShop do Nintendo 3DS: o tempo de carregamento e processamento de informações nessas lojas são absurdamente inaceitáveis.

Parece que, com melhorias nas tecnologias de conexão e arquitetura digital, as lojas virtuais estão se tornando um pouco mais eficientes no que diz respeito ao tempo de acesso. Temos, como exemplo atual, a PS Store no PS4 ou a mais nova versão da eShop no Switch, que oferecem experiências mais rápidas, fáceis e até esteticamente agradáveis.

07 — Atualizações obrigatórias gigantescas

Ah, o tempo dos consoles antigos. Até os tempos da sexta geração — GameCube, PlayStation 2 e Xbox — , os jogos vinham de fábrica com tudo o que deveriam (ou não deveriam?) proporcionar aos jogadores. Com erros ou sem erros, com conteúdo adicional ou livres de extras, os jogos não podiam ser modificados uma vez que eram vendidos. Ruim? Sim, em parte é um problema, pois falhas de programação ou na execução de algumas ideias poderiam ser corrigidas caso houvesse como atualizar.

Mas esse tempo das atualizações trouxe também algo extremamente desconfortável para os jogadores, principalmente agora na oitava geração. Você liga o console, coloca o disco e… 1%, 2%, 3%. Números, seguidos de minutos ou até horas esperando para que o jogo fique “pronto” para ser jogado. Parece até que toda a ansiedade e animação para jogar um título recém comprado vão sendo levadas com o tempo da atualização. Chega a bater aquela saudade no peito dos cartuchos, que mal eram encaixados no slot e já estavam tocando a música introdutória do jogo.

06 — Final decepcionante ou incoerente

Esse mal assola muitos jogos que começam com o pé direito na trama, mas que não sabem o momento certo para terminar ou como concluir toda a história. Há jogos que propõem narrativas mais simples ou até mesmo contam uma história apenas por contar, e esses jogos não são os que nos preocupam.

Os jogos de final decepcionante ou incoerentes são aqueles em que você está vidrado, preso, e simplesmente não consegue parar de pensar em como se dará o desfecho da história. E, quando você menos espera, o pior acontece: aquilo que você não esperava e das piores maneiras possíveis. Esse tipo de decepção pode ocorrer por altas expectativas do jogador, influenciado pelo progresso do jogo ou pelo mal desenvolvimento dos personagens. Mas também pode ser atribuído aos criadores do jogo, que não cumpriram o papel final na narrativa de maneira coerente, inteligente ou suficiente.

05 — Gameplay limitado por mecânicas

A famosa frase “nada é impossível” é um tanto quanto motivadora, mas tem suas exceções. Alguns jogos limitam a maneira como queremos nos comportar ou explorar, impedindo que tomemos certos rumos ou que façamos certas ações — e isso certamente prejudica nossa experiência. Imagine um jogo muito bonito, com cenários estonteantes, mas que você não pode explorar porque o jogo não deixa você chegar lá de maneira alguma. Sim, estamos falando exatamente disso.

Mais do que dificultar a exploração, é realizar tudo aquilo que o jogo trouxe de maneira limitada, seja o combate, a coleta de recursos, a busca por seus objetivos, sobrevivência, etc. A série Uncharted, exclusiva para PlayStation, apresenta várias maneiras de sobreviver aos inimigos em grupos, seja se escondendo atrás de paredes, atirando em objetos do cenário para explodi-los, partindo para o fogo cruzado ou até mesmo chegando sorrateiramente para atacá-los por trás. Esse é um exemplo de jogo que permite uma diversidade de abordagens, mesmo para uma história linear como as dos títulos.

04 — Colecionáveis inúteis

Esse é um ponto interessante, já que muitos desenvolvedores fazem uso dos colecionáveis para aumentar a vida útil dos jogos, principalmente no pós-jogo e para fins de replay. Jogos como os da série Lego são verdadeiros campeões na infinidade de itens que devemos coletar. Motivo? Nenhum, pois são poucos os extras que realmente valem o tempo e esforço que o jogador vai gastar para coletar tudo que ainda falta para o 100%.

Apesar do sucesso de crítica e da obra-prima que cada vez mais tem se tornado no meio dos games, The Legend of Zelda: Breath of the Wild tem um pequeno problema em qualidade, mas um problema incontável em quantidade. As 900 sementes de Korok que devem ser coletadas são um desafio e tanto para os jogadores mais dedicados, mas a recompensa para todo esse esforço é para lá de ruim.

03 — Tempo de carregamento excessivo

Entre uma fase ou outra, entre um ambiente externo e um interno, entre uma partida e outra, o carregamento faz parte dos jogos, e é inevitável. Seja jogando a primeira versão de Beyond: Two Souls, qualquer jogo da série The King of Fighters no Neo Geo CD ou desbravando muitos outros títulos com carregamentos excessivos, esperar não é a coisa mais divertida a se fazer quando estamos ansiosos para jogar.

O tempo de carregamento para jogos em disco sempre foi maior do que em cartuchos. A mídia digital também ajuda na leitura, já que os dados não precisam ser “varridos” de uma mídia diferente àquela que está presente no hardware. Porém, alguns problemas de carregamento são provenientes dos próprios jogos e da falta de otimização de seus algoritmos.

02 — Ports de má qualidade

Quanto mais plataformas receberem um jogo, melhor, pois maior será a repercussão daquela obra na indústria dos games, certo? Não necessariamente. Um port mal feito pode levar um título a ganhar má fama e até perder todo o prestígio e respeito advindos das versões mais bem desenvolvidas ou mais bem adaptadas.

Um caso extremamente relevante para nossa discussão é Resident Evil: Revelations 2, spin-off da franquia de maior sucesso da Capcom. Apesar de ser apreciado pelos fãs por seu caráter mais survival horror do que ação, o port do jogo para o PS Vita é uma verdadeira lástima. Além da resolução baixa para a qual foi pobremente adaptada a versão, o jogo tem muito mais bugs e quedas de framerate do que as outra versões. A versão de Nintendo Switch, que também é um portátil, acabou sendo uma das versões mais estáveis do jogo.

Outro caso que foi extremamente incômodo para a comunidade gamer em geral foi o de Batman: Arkham Knight, que chegou cheio de problemas na versão de PC, principalmente com bugs relacionados aos jogos salvos e ao carregamento de objetos na tela. Essa versão foi posteriormente removida e, desde então, a Rocksteady não conversou mais sobre os problemas do port desse jogo, focando apenas em atualizar e melhorar a experiência das versões de Xbox One e PlayStation 4.

01 — Bugs e glitches

Falar sobre jogos também é falar sobre falhas. Claro, nada é perfeito nesse mundo digital rodeado de decisões lógicas que devem ser rapidamente tomadas. Porém, quando as falhas se sobressaem comparadas aos pontos positivos, temos algo realmente preocupante. É aí que surgem os populares bugs e glitches.

Bugs são falhas que acabam atrapalhando nosso progresso no jogo, seja tirando um objeto que deveria estar lá ou posicionando o jogador aleatoriamente em uma posição ou local indesejados. Glitches são geralmente falhas que são exploradas pelo jogador, que tenta usar isso a seu favor para conseguir agir de forma mais rápida, certa ou eficaz.

Quando falo de bug, lembro-me de Ether One, uma aventura no estilo walking simulator que, em seu último desafio, corria o risco aleatório de não carregar o objeto necessário para finalizar o jogo com sucesso. Sobre glitches, podemos citar os famosos espaços entre os canos e o chão, por onde Mario podia “deslizar” livremente e finalizar quase que automaticamente as fases de Super Mario Bros., quebrando recordes mundiais com facilidade.

É difícil não se sentir incomodado quando muitas dessas características listadas acima dão as caras enquanto jogamos, mas devemos lembrar que os videogames têm, acima de tudo, o propósito de nos divertir. Vamos, portanto, deixar a raiva de lado e curtir tudo de melhor que os joguinhos nos oferecem!

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